Em memória a Claudenice Moreira da Silva (25/09/20)
Ainda está sendo muito difícil pra mim. Ter que lidar com o luto, a depressão e a ansiedade simultaneamente. Com a morte da minha avó, a matriarca da família, com quem desde pequena eu vivi e convivi, eu ainda estou confusa e lidando com sentimentos conflitantes. Vivi com minha avó desde pequena. Quando mamãe ia trabalhar, era com minha avó que eu ficava. Era como se fosse a minha segunda mãe, aquela que cuidava e dava toda sua atenção e carinho quando a minha não podia dar por estar no trabalho. Tá sendo difícil e doloroso ter que aprender a viver sem a sua presença diária aqui. Tá um vazio imenso na casa. A família de alguma forma se distanciou mais ainda, ela era uma cola que unia os lados mais distantes e antagônicos. E sem essa cola, sobra só o vazio e a incerteza do amanhã. Qual será o rumo da família? Essa incerteza aumenta mais ainda o desalento que eu sinto todos os dias. Não sei se estou sentindo essa perda da maneira como alguns esperam, não sei se são os medicamentos que tomo pra combater a ansiedade e depressão são os que estão me mantendo “forte” e que me impedem de desabar de vez. Não sei se esse “conforto” e essa sensação de que ela está em um lugar melhor e muito mais feliz do que quando estava aqui.É uma das crenças a qual estou me apegando para me confortar e aceitar pra seguir em frente de alguma forma, mesmo sentindo que um pedaço de mim foi arrancado. Ou seria Deus que está me dando essa sensação de paz e aceitação? Para isso eu não tenho resposta. Talvez um dia eu tenha. Eu só queria que ela soubesse, onde quer que ela esteja que: vó, está tudo bem!Vai ficar tudo bem! (falei essas palavras da última vez que nos vimos, enquanto ainda esperávamos a ambulância chegar e a senhora sorriu meigamente pra mim, acho que você sabia disso). Agora eu te digo: “não tivemos a chance de conversar mais nesse plano terreno para eu te dizer que aonde quer que você esteja, eu te amo muito e sei que um dia nós iremos nos reencontrar. Siga aí em paz e descanse nos braços do Pai.”